A LÍNGUA ESTRANGEIRA ATRAVÉS DOS SÉCULOS


                               A LÍNGUA ESTRANGEIRA ATRAVÉS DOS SÉCULOS



                Sejam quais forem as razões - econômicas, diplomáticas, sociais, comerciais ou militares -, a necessidade de entrar em contato com falantes de outro idioma é muito antiga. Supõe-se que as primeiras aprendizagens de uma língua estrangeira aconteceram pelo contato direto com o estrangeiro. Paralelamente a estas aquisições em meio natural, alguns povos se preocuparam em aprender e ensinar, de forma sistemática, algumas línguas estrangeiras.
Segundo Germain (1993), as primeiras provas da existência do ensino de uma segunda língua remontam à conquista gradativa dos sumérios pelos acadianos - do ano 3000, aproximadamente, até por volta do ano 2350. Os acadianos adotaram o sistema de escrita dos sumérios e aprenderam a língua dos povos conquistados.
            Como os acadianos, os romanos também procuravam aprender a língua falada pelos povos por eles conquistados. Assim, desde o 3.o século antes da nossa era, os romanos aprendem o grego como segunda língua, sem dúvida por causa do prestígio da civilização grega, já que a administração romana sempre ignorou as línguas bárbaras, tais como o celta, o germânico etc.
            Data do terceiro século da nossa era a aparição dos primeiros manuais de aprendizagem de uma língua estrangeira. Tratava-se de manuais bilíngues, enfatizando a prática do vocabulário e da conversação, sobretudo utilizados pelos falantes do latim que aprendiam o grego. Na Gália (França) por volta do século 9 o latim ensinado nas escolas tem o status de uma língua estrangeira - língua culta - em relação à língua francesa - língua popular (Germain, 1993).
            Na Europa, durante a Idade Média, o latim possuía muito prestígio, sendo considerado a língua da igreja, dos negócios, das relações internacionais, das publicações filosóficas, literárias e científicas (Puren,1988).
                          TRANSFORMAÇÃO LINGUÍSTICA

             O século XVI, no entanto, assistiu a uma grande revolução linguística. Exigia-se dos educadores o bilinguismo: o latim como língua culta e o vernáculo como língua popular (Saviani,1996). Assim, no final da Idade Média e começo da Renascença, as línguas vernáculas - o francês, o italiano, o inglês, o espanhol, o alemão e o holandês - se tornaram cada vez mais importantes e o latim, cada vez menos usado na oralidade.
            À medida que as diversas línguas nacionais suplantaram o latim como língua de comunicação, elas se tornaram objeto de  aprendizagem escolar. No plano metodológico, vale salientar que é o modo de ensino do latim que prevalece durante toda a Idade Média e que o ensino das línguas vivas ou modernas vai se basear no modelo de ensino do latim.           
            Em 1638 o tcheco Jan Amos Komensky, Comenius em latim, elaborou seu próprio método de ensino com a publicação da obra “Didática magna” onde trata de alguns princípios de didática das línguas; como o princípio da ordem natural ... e o do prazer em se aprender através de jogos e sem castigos corporais, muito comuns na época.
             Comenius é considerado por muitos como o fundador da didática das línguas enquanto disciplina científica autônoma (Germain,1993).
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FONTE: Selma Alas Martins Cestaro
(Univ. Fed. Rio Grande do Norte / USP)